sexta-feira, março 21, 2008

Assassinato, morte, homicídio...

Por mais absurda que pareça a minha afirmação, ela não deixa de ser verdade: matar é uma das atitudes mais naturais que existe na Natureza (redundâncias a parte...). Diariamente, milhares de seres vivos matam outros seres vivos por diversos motivos, inclusive seres da mesma espécie. Até mesmo o homo sapiens mata a sua própria espécie apoiado ou não em leis.

Dentro dessa naturalidade, por que ainda temos a visão de que matar é algo ruim? Por que é errado matar uma pessoa que me prejudicou? Por que é errado matar alguém que estuprou a minha irmã? Por que é errado matar um traficante de drogas? Por que é errado matar uma babá que tortura a minha filha bebê? Por que é errado matar alguém que deseja me matar? Por quê? Por que é errado matar uma pessoa afinal de contas?

A maioria das respostas a essas questões são de cunho religioso, assim, um ateu possui o direito adquirido de matar outra pessoa por não acreditar em Deus? Ou seja, Deus é a única desculpa para não matarmos nossos semelhantes? Alguém pode dizer: "está na lei que não devemos matar ninguém", e eu pergunto "em qual lei?". Há países que a pena de morte também está na lei. Assim, só devemos matar uma pessoa se as leis dos homens daquele determinado local coincidem com os nossos interesses? Por que no país "X" meus motivos para matar uma pessoa são justos e no país "Y" não os são? A justiça não é cega?

Quem se importa com a morte de alguém? Quem se importa com a morte de um traficante? Quem se importa com a morte de um estuprador? Quem se importa com a morte de uma babá torturadora de bebês? Quem se importa?

Esse é o acordo "eu não te mato e você não me mata", até que uma das partes pise no calo do outro? Podemos ver que a humanidade em si é um complexo emaranhado de acordos que firmamos uns com outros para coexistirmos. Nesses acordos, trocamos trabalhos, esforços, regalias, proteções, enfim, tudo aquilo que podemos reunir para a nossa sobrevivência e que não conseguiríamos juntar sozinhos. Sob essa ótica, matar ou não matar é mera questão de conveniência. "Não matemos aquele sujeito porque ele é agricultor e fornece o fruto do seu trabalho para a nossa sobrevivência", ou "não matemos aquele outro porque ele é médico e nos oferece os seus conhecimentos para a nossa sobrevivência". Assim, nos é lícito matar os velhos aposentados pois eles não produzem mais nada de útil para a nossa sobrevivência? Nos é lícito matar os deficientes físicos e mentais ou os com doenças degenerativas/terminais só porque eles não cumprem eficientemente a parte deles nos acordos? Por que não matemos a todos que quebram a sua parte nos acordos sociais que assinamos no momento que nascemos? O mundo não seria um lugar melhor se eliminássemos todos aqueles que não contribuem com a sua parte no grande mecanismo que move o nosso bem estar? Se sim, então por que não começamos a "limpeza" agora???

Simplista demais esse ponto de vista. Só entendendo o real significado de "misericórdia" conseguimos responder a essas perguntas...

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